Primeiro Passo

"Para que a acessibilidade digital possa impactar positivamente a vida de milhões de pessoas, ela deve ser pensada logo no início, na concepção do projeto, fase de iniciação na Gestão de Projetos de Acessibilidade" [1].

Nessa lógica, durante a etapa inicial do desenvolvimento de um software, elabore personas com os seguintes perfis abaixo, dessa forma, seu projeto vai garantir que o software contenha requisitos de acessibilidade.

Em seu projeto, foram elaboradas personas para...

  • Pessoas com Deficiência Visual (cegueira, baixa visão, daltonismo ou deficiência cromática)
  • Pessoas com Deficiência Física (fraqueza, tremores, movimentos involuntá rios, paralisia, limitações da sensação, dor que impede movimento, ausênciade membros)
  • Pessoas com Deficiência Auditiva (surdez, baixa audição, surdocegueira)
  • Pessoas com Deficiência na Fala (dificuldade para falar, volume insuficiente, gagueira, mudez)
  • Pessoas Neurodiversas (dificuldades de diferentes graus para ver, escutar, falar, compreender e interagir socialmente)
  • Pessoas com Múltiplas Deficiências (combinação de duas ou mais deficiências anteriores)
  • Possíveis limitações decorrentes do envelhecimento (que podem ser de um ou mais grupos de deficiências)
  • Pessoas com analfabetismo (analfabetismo digital e funcional níveis 1, 2 e 3)
  • Usuários com Deficiências Cognitivas e de Aprendizagem (dislexia, TDAH, autismo, demência)
  • Usuários com Limitações de Mobilidade em Dispositivos Móveis (uso com uma mão, tremores, limitações de alcance)
  • Usuários com Fadiga ou Condições Temporárias (lesões por esforço repetitivo, condições que afetam a concentração)
  • Usuários em Contextos Desafiadores (ambientes ruidosos, iluminação inadequada, conectividade limitada)

Conscientização

"Na iniciação do projeto, é necessário garantir que a equipe de projeto esteja consciente sobre a questão da acessibilidade digital, dos direitos das pessoas com deficiência e do potencial de mercado desse público" [1].

Sendo assim, existem argumentos que podem facilitar o processo de conscientização da equipe sobre a questão da acessibilidade digital. Esse argumentos estão representados no checklist abaixo.

Em seu projeto, a equipe está consciente de...

  • Quantidade de pessoas no mundo com algum tipo de deficiência.
  • Quantidade de pessoas no Brasil com algum tipo de deficiência, segundo IBGE.
  • Natureza da deficiência: congênita, hereditária, adquirida, temporária.
  • Grupos mais comuns de tipos de deficiência.
  • Quanto custa a acessibilidade?
  • Quanto tempo a mais o projeto precisará para implementar acessibilidade?
  • Quantas pessoas com deficiência vão usar meu aplicativo ou acessar meu sítio de Internet?
  • Pessoas cegas compram online?
  • Pessoas tetraplégicas usam smartphone?
  • Legislação: A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência Comentada.
  • Legislação: PORTARIA Nº 3, DE 7 DE MAIO DE 2007.
  • Análise de mercado de software de acessibilidade digital.

Planejamento

"É importante prever e elaborar a arquitetura para todos os públicos com deficiência, visando uma vida autônoma, com segurança e bem-estar" [1].

Assim, é de suma importância que se tenha, incluso no plano de projeto, e, definição de recursos alocados, para estratégia de acessibilidade de um projeto de software.

Em seu planejamento, há...

  • Atividades bem delineadas, cronogramas e atribuições de responsabilidade relacionadas à acessibilidade?
  • Recursos alocados (pessoas, softwares, cursos, tarefas)?
  • Tarefas com critérios de sucesso que atendam pelo menos os níveis A e AA, segundo a documentação de acessibilidade (WCAG)?

Estratégias de Implementação Futurística

Preparando-se para a WCAG 3.0

    1. Adoção Gradual

  • Fase 1: Implementar WCAG 2.2 completamente
  • Fase 2: Pilotar metodologias de teste com usuários
  • Fase 3: Experimentar avaliação baseada em resultados

    2. Investimento em Tecnologia

  • Ferramentas de teste automatizado avançadas
  • Plataformas de teste com usuários reais
  • Sistemas de métricas de acessibilidade

    3. Capacitação da Equipe

  • Formação em design inclusivo
  • Treinamento em tecnologias emergentes
  • Desenvolvimento de mentalidade centrada no usuário

Benefícios da Antecipação

  • Vantagem Competitiva: Ser pioneiro em acessibilidade de próxima geração
  • Redução de Custos: Evitar refatorações massivas no futuro
  • Inovação: Desenvolver soluções que beneficiam todos os usuários
  • Compliance Futura: Estar preparado para regulamentações vindouras

Checklist de Preparação para o Futuro

Tecnologia e Infraestrutura:

  • Sistema de design inclusivo implementado
  • Ferramentas de teste automatizado configuradas
  • Plataforma de feedback de usuários estabelecida
  • Métricas de acessibilidade definidas e monitoradas

Processos e Metodologia:

  • Testes com usuários reais integrados ao workflow
  • Avaliação por resultados pilotada
  • Documentação de jornadas de usuário acessíveis
  • Processo de melhoria contínua estabelecido

Equipe e Cultura:

  • Champions de acessibilidade em cada área
  • Treinamento contínuo em novas diretrizes
  • Cultura de inclusão estabelecida
  • Parcerias com organizações de pessoas com deficiência

Conformidade e Governança:

  • Políticas de acessibilidade atualizadas
  • Processo de auditoria regular implementado
  • Plano de migração para WCAG 3.0 definido
  • Monitoramento de regulamentações emergentes

O Futuro: WCAG 3.0 - Diretrizes Revolucionárias

Mudanças Paradigmáticas da WCAG 3.0

A WCAG 3.0 (atualmente em desenvolvimento como W3C Working Draft) representa uma evolução radical nas diretrizes de acessibilidade:

    1. Novo Modelo de Avaliação: Bronze, Silver, Gold

  • Abandono do sistema A, AA, AAA
  • Pontuação baseada em resultados: 0-100 pontos por guideline
  • Níveis de conformidade mais flexíveis: Bronze (básico), Silver (melhor), Gold (excelente)

    2. Expansão de Escopo

  • Inclui aplicativos móveis nativos, IoT, realidade virtual/aumentada
  • Acessibilidade ao longo de toda a jornada do usuário: design, uso e suporte
  • Integra aspectos sociais e de prevenção à exclusão digital

    3. Metodologia Baseada em Resultados

  • Testes com usuários reais obrigatórios para níveis superiores
  • Métricas quantitativas como tempo de tarefa, taxa de sucesso e satisfação
  • Avaliação funcional: foco no que o usuário consegue realizar

    4. Novas Diretrizes Inovadoras

    Acessibilidade Cognitiva Avançada
    • Suporte aprimorado para neurodiversidade
    • Interfaces personalizáveis conforme necessidades cognitivas
    • Prevenção de sobrecarga sensorial
    Acessibilidade Móvel Nativa
    • Diretrizes específicas para gestos complexos
    • Adaptação a múltiplos tamanhos de tela
    • Integração com tecnologias assistivas móveis
    Realidade Virtual e Aumentada
    • Navegação espacial acessível
    • Alternativas para interações baseadas em gestos
    • Prevenção de enjoo de movimento
    Inteligência Artificial e Acessibilidade
    • Uso ético da IA para ampliar acessibilidade
    • Transparência em decisões automatizadas
    • Prevenção de viés algorítmico

    5. Tecnologias Emergentes Contempladas

    Interfaces Conversacionais
    • Chatbots e assistentes virtuais acessíveis
    • Processamento de linguagem natural inclusivo
    • Interação multimodal (texto, voz, gesto)
    Internet das Coisas (IoT)
    • Dispositivos domésticos inteligentes acessíveis
    • Comandos por voz e gestos alternativos
    • Feedback tátil e sonoro personalizado
    Blockchain e Web3
    • Carteiras digitais acessíveis
    • Contratos inteligentes compreensíveis
    • Interfaces descentralizadas inclusivas

Referências Bibliográficas

1. DINIZ, V.; FERRAZ, R.; NASCIMENTO, C. M.; CREDIDIO, R. Guia de Boas Práticas para Acessibilidade Digital. Programa de Cooperação entre Reino Unido e Brasil em Acesso Digital, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/acessibilidade-e-usuario/acessibilidade-digital/guiaboaspraaticasparaacessibilidadedigital.pdf. Acesso em: 9 Mai. 2024.

Bibliografia

A Convenção sobre Direitos das Pessoas com Deficiência comentada / Coordenação de Ana Paula Crosara de Resende e Flavia Maria de Paiva Vital . _ Brasília : Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2008. Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/acessibilidade-e-usuario/acessibilidade-digital/convencao-direitos-pessoas-deficiencia-comentada.pdf. Acesso em: 9 Mai. 2024

BRASIL. Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação. Portaria nº 3, de 7 de maio de 2007. Institucionaliza o Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico – e-MAG no âmbito do Sistema de Administração dos Recursos de Informação e Informática – SISP. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 7 maio 2007. Disponível em: https://www.gov.br/governodigital/pt-br/acessibilidade-e-usuario/legislacao/portaria3_eMAG.pdf. Acesso em: 9 Mai. 2024

MORDOR INTELLIGENCE. Digital Accessibility Software Market Size & Share Analysis- Growth Trends & Forecasts (2024-2029). Disponível em: https://www.mordorintelligence.com/industry-reports/digital-accessibility-software-market. Acesso em: 9 Mai. 2024

WORLD WIDE WEB CONSORTIUM. Web Content Accessibility Guidelines (WCAG) 2.1. Recomendação W3C, 21 setembro 2023. Disponível em: https://www.w3.org/TR/WCAG21/#sotd. Acesso em: 9 Mai. 2024